Resenha: Garota Exemplar por Gillian Flynn

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Sinopse: Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública - e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy -, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é; se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?



Título: Garota Exemplar
Autor(a): Gillian Flynn
Páginas: 448
Editora: Intrínseca
Avaliação: 3,5/5 

Garota Exemplar era um dos lançamentos mais aguardados desse começo de ano, que eu chamaria muito mais de um trhiller psicológico do que um romance policial, um daqueles livros que te deixa acordada e impossibilitada de pensar em qualquer outra coisa além de descobrir o final. 


Nick e Amy Dunne já estão casados há cinco anos quando o Dia Do acontece. Ambos moravam em Nova York e trabalhavam no ramo de jornalismo quando, por causa da crise econômica, são despedidos e, com a mãe de Nick doente, se mudam para a cidade de infância dele, uma pequena cidade de interior ao lado do rio Mississippi. Amy nasceu e cresceu em NY, seus pais se basearam nela para criar uma série de livros infantis famosa chamada Amy Exemplar e a mudança não tem sido fácil para ela, ainda mais quando sente seu marido tão distante. Já Nick se sente feliz em voltar para sua cidade e abrir um negócio com a sua irmã gêmea, mas se sente inseguro com a mudança de sua mulher da personalidade leve e divertida, para um mais fechada e crítica.
Porém sua vida vira de cabeça para baixo quando no dia do seu quinto aniversário de casamento chega em casa e vê a sala toda destruída e sua mulher desaparecida. Ela foi sequestrada? Assassinada? Fugiu? Ou, pior, foi o seu marido que fez isso com ela? Bem, todas as pistas apontam que sim
O livro é narrado por Nick com a perspectiva dos acontecimentos atuais e de Amy, pelo seu diário, desde o dia que eles se conheceram até as narrativas se encontrarem, além disso o livro é divido em três partes. Isso é importante porque o grande destaque do livro está na narração da estória por seus dois personagens principais. Ambos são pessoas de personalidades muito fortes e que praticamente te sufocam com seus pensamentos e pontos de vistas tão diversos sobre os mesmos acontecimentos. Eles te convencem a mudar de lado a cada capítulo e te seduzem com os seus argumentos em um verdadeiro jogo de influências e mentiras. É difícil falar sobre um livro em cada detalhe pode ser um spoiler, ainda mais quando se têm um enredo um tanto quanto previsível em relação ao mistério principal. Mas isso está longe de ser um defeito já que o melhor do livro é o jogo emocional da autora, a forma como ela aprofundou tanto nos sentimentos e pensamentos dos personagens.

Nick se torna um mistério pelo seu comportamento, ele é uma pessoa despreocupado e machista, um tanto quanto mimado e foge de conflitos o que o leva a mentir diversas vezes. Essa junção de comportamentos com as críticas dele a Amy e a aparente falta de sentimentos em relação ao sumiço dela faz com que nós duvidemos dele em vários momentos. Já Amy aparenta ser uma pessoa calma e compreensível, mas pelo sarcasmo e comentários ambíguos se tem a imagem de uma mulher determinada e forte, porém afiada que ataca tanto o leitor quanto os personagens pela força das palavras, sendo até agressiva em certo momentos.

Para mim um grande ponto positivo da estória foi que a autora não criou personagens bons ou maus, o vilão e o mocinho, mas sim fez pessoas que possuem qualidades e também inúmeros defeitos, que de uma forma ou de outra contribuíram para o que aconteceu. Ou seja, personagens extramente reais e críveis. Não que a maior parte dos comportamentos e decisões sejam louváveis e até mesmo aceitáveis - tanto que mais de uma vez comecei a sair pela casa xingando de tamanha raiva -, mas não parecem em nenhum momento forçados. 

Gillian Flynn vai tão profundo em seus personagens que faz um debate interessante sobre o quanto pode se conhecer uma pessoas e, no final, não conhecer de verdade. Ou como até nós mesmo podemos ser surpreendidos com características que nós nunca pensamos ter. Chega a ser inquietante ser confrontados a pensar sobre esse assunto, pensar que nunca se pode conhecer ou confiar totalmente em alguém e a autora faz isso com maestria, ela coloca seus personagens no limite e leva a gente nessa direção também, tando durante como depois de terminar a leitura. Outro pensamento que tirou um pouco do meu tempo depois de fechar o livro foi pensar o que realmente é uma pessoa exemplar? Será que alguém que segue as regras de moral e convivência, mas por dentro tem todos os tipos de pensamentos absurdos e sequer admiti isso para si mesmo é melhor que alguém que aceita sua natureza de sentimentos a flor da pele, encara e fala a verdade da sua forma mais crua além de agir sem auto repreensão? É uma coisa para se pensar.

A narrativa é sedutora e te faz entrar de corpo e alma na estória, passei dois dias só pensando no próximo passo, na próxima revelação do livro. Como disse antes, o mistério policial do livro é bem previsível, mas o real conflito da estória - o conflito emocional - é uma coisa deliciosa de se ler. O final não me agradou totalmente, confesso - esperava bem mais do Nick, sério -, mas não é um fim absurdo e combina com a estória e, infelizmente, com a realidade. 

Garota Exemplar é um livro inquietante, que mexe com as emoções dos personagens e dos leitores de uma forma incrível. É uma estória intensa e que vai roubar todos os seus pensamentos até que você consiga chegar até a última linha. Recomendo demais para quem é fã de trhiller psicológicos. 
Era outra coisa que fazia com que eu parecesse um cretino — meu estômago podia estar cheio de enguias oleosas e você não saberia nada pela minha expressão, e ainda menos por minhas palavras. Era um problema constante: controle demais ou nenhum controle.
Não me sinto a esposa de Nick. Não me sinto uma pessoa: sou algo a ser carregado e descarregado, como um sofá ou um cuco. Sou algo a ser jogado em um depósito de lixo, lançado no rio, se necessário. Não me sinto mais real. Sinto como se pudesse desaparecer.
— É bastante diferente. Mas você continua a mentir como um garotinho. Ainda quer desesperadamente que todos pensem que você é perfeito. Você nunca quer ser o vilão.

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3 comentários

  1. Oi Carol!
    Também não gostei do final, fiquei BEM irritada com o Nick, vontade de mandar o livro na parede. Entendo que não é absurdo, mas fiquei irritadíssima hahaha.
    Adorei a sua resenha!

    Beijos
    Livros e blablablá

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  2. Então Juh, acho que eu fiquei até mais decepcionada do que irrita até. Como que depois de tudo o Nick faz aquilo? Não me conformei até hoje haha fiquei feliz que gostou da resenha, beijos

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  3. Oi Carol, acabei de ler o livro e resolvi ler ums resenhas a respeito. Me deu um nó na garganta, sensação de soco no estomago sabe? Queria ompartilhar com alguém pq achei q eu era meio doida de deixar q um livro após alguns dias ainda ficasse povoando meus pensamentos "mas como assim?"... Confesso q tbm fiquei um pouco decepcionada com o Nick, achei q em algum momento ele fosse se mostrar um cara legal afinal, queria realmente gostar dele, q ele se redimisse de alguma forma. Meus sentimentos em relação a ele especialmente, ficaram muito ambíguos (doido né? é só um livro- mas um livro q me tirou o sono) eu realmente queria q o Nick me fizesse gostar dele no final...

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