Resenha: Garoto Encontra Garoto por David Levithan

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Sinopse: Nesta mais que uma comédia romântica, Paul estuda em uma escola nada convencional. Líderes de torcida andam de moto, a rainha do baile é uma quarterback drag-queen, e a aliança entre gays e héteros ajudou os garotos héteros a aprenderem a dançar. Paul conhece Noah, o cara dos seus sonhos, mas estraga tudo de forma espetacular. E agora precisa vencer alguns desafios antes de reconquistá-lo: ajudar seu melhor amigo a lidar com os pais ultrarreligiosos que desaprovam sua orientação sexual, lidar com o fato de a sua melhor amiga estar namorando o maior babaca da escola... E, enfim, acreditar no amor o bastante para recuperar Noah!
Título: Garoto Encontra Garoto
Autor(a): David Levithan
Páginas: 240
Editora: Galera Record
Avaliação: 4/5 






O que me levou a ler Garoto Encontra Garoto foram as experiências incríveis que tive com o autor em Todo Dia e Will & Will. Ambos são livros cheio de significados, que por simples que possam parecer trazer reflexões sutis de conflitos importante, porém cotidianos. Além de serem completamente apaixonantes. Garoto Encontra Garoto é o primeiro livro publicado do autor e por mais que não seja um cinco estrelas como os outros, é igualmente simples e bonito. 



Paul tem o privilégio de estudar em uma escola onde todos assumem as suas diferenças e são aceitos por elas. Mas isso não quer dizer que sua vida seja livre de problemas. Ele tem que ajudar o amigo que sofre a negação dos pais religiosos pelo fato de ser gay, tem que ver sua melhor amiga mudar completamente por um cara e lidar com a sua complicada vida amorosa. 
Um dia Paul encontra Noah, e eles imediatamente sentem uma conexão. E é nesse exato momento que seu ex, Kyle, resolve pedir desculpas e dizer que está arrependido. De repente Paul se vê preste a perder Noah e precisa de toda a ajuda possível para não perder o garoto mais especial que já conheceu. 

Se tem algo que logo de cara chama a atenção nos livros do David Levithan é a sua narrativa. É difícil explicar o que, mas o seu jeito de escrever é diferente, único. Especial, sabe? É até mesmo surpreendente perceber como ele pode dizer tanta coisa e de uma forma tão bonita em tão poucas palavras. Ele enche seus livros de passagens lindas, de sacadas ótimas e com uma intimidade gigante com os pensamentos e os diálogos dos adolescentes. Se fosse para dar um único motivo para se ler David Levithan seria esse: a sua escrita. 

Preciso confessar que o Paul não tem nada de realmente atrativo ou envolvente. Apesar de não desgostar do personagem, também não me senti realmente conectada com ele. Mas aí entram os outros personagens e tudo muda. Tony, Infinite Darlene, Noah, Kyle e até mesmo o Ted. Todos eles são únicos, especiais, cativantes de sua própria maneira. Não tem como não se interessar por eles, não simpatizar com eles e querer saber mais deles e da relação de cada um com o Paul. 
O Noah é foi o que mais me chamou a atenção, seja por causa da sua sensibilidade ou principalmente por causa do seu romance com o Paul. É tão gostoso acompanhar os dois se apaixonando e o que se tornam quando estão juntos. E é ainda melhor perceber que o romance não é o foco, ele é bem dosado e não sobrepõe nenhum dos outros conflitos, assim como o Noah não se sobrepõe sobre nenhum dos outros personagens. 
Mas o Tony também tem um espacinho especial no meu coração, toda a sua estória é interessante, mas, principalmente, a forma como ele resolve encarar o mundo e seus problema é o mais especial. 

O fato é que o livro não tem um grande conflito, um ponto definido de partida e outro de chegada. Ele fala simplesmente de problemas, sentimentos, dúvidas comuns da vida e principalmente dos adolescentes, fala muito sobre se descobrir, sobre ter coragem e sobre como ela é conquistada através de pequenas coisas e fala muito sobre amor. E uma das coisas que me deixaram mais feliz foi que o final não foi perfeito, ele não acabou com tudo exatamente como se esperava, afinal nunca na vida tudo fica bem ao mesmo tempo. Mas é sim possível ter um breve momento onde tudo parece estar no cominho correto. 

Garoto Encontra Garoto foi tudo o que eu esperava, apaixonante, leve, reflexivo e simples. Um livro sem grandes pretensões e que consegue significar muito para muita gente. Acho que o mais incrível é ver um livro publicado há mais de dez anos que já mostrava ser possível viver em um mundo onde todo mundo pode encontrar um jeito de ser quem quiser ser sem medo, onde tudo é aceito e cada um pode ser livre. 
Eu quero flutuar, porque é tão simples assim. Ele está feliz que eu o encontrei. Eu estou feliz que eu o encontrei. Não temos medo de dizer isso. Estou tão acostumado a pistas e mensagens confusas, dizendo coisas que podem significar o que elas parecem significar. Jogos e debates, papéis e rituais, falando em doze línguas ao mesmo tempo porque assim as palavras verdadeiras não vai ser tão óbvias. Eu não estou acostumado a honesta e sincera verdade.
Parte de amar é deixar a pessoa ser quem ela quer ser.
Achei a minha maior força em querer ser forte. Achei a minha maior coragem na decisão de ser corajoso. Eu não sei se eu já percebi isso antes, e eu não sei se Tony já percebeu isso antes, mas eu acho que nós dois percebemos isso agora. Se não há nenhuma sensação de medo, então não há nenhuma necessidade para a coragem.
É assim que uma pequena vitória se parece: se parece com um pouco surpresa e um monte de alívio. Faz o passado parecer mais leve e o futuro parecer ainda mais leve do que isso, mesmo que somente por um momento. Se parece como uma vitória apertada. Se parece como uma possibilidade.

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