Filme x Livro: Garota Exemplar

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Garota Exemplar foi um livro que me surpreendeu absurdamente. Não pelo seu mistério - que você consegue facilmente descobrir antes da hora - mas sim pelo jogo psicológica feito pelos personagens, pelo questionamentos que levanta e pela forma com que a autora suga o leitor para dentro da sua história. E filme de Garota Exemplar é, de longe, uma das adaptações mais bem feitas que já tive a oportunidade de assistir. Não só por se manter fiel aos acontecimentos, mas também por trazer esse mesmo clima de tensão psicológica, apresentar a mesma crítica e conseguir manter a tenção completa de quem assisti durante suas duas horas e meia de duração.



Acho que um dos fatores responsáveis por essa semelhança tão grande foi ter tido a Gillian Flyn - autora do livro - como roteirista. Ela mais do que ninguém conhece a sua história e fez um trabalho primoroso em adaptar seu texto para o formato visual. A narrativa segue o mesmo aspecto da apresentada no livro, intercalando o presente, pela visão de Nick, e o passado, pela visão de Amy, até que os dois pontos de vistas se encontrem. Levando isso em conta, confesso que não consigo pontuar uma só mudança na estória, por mais mínima que seja, tinham surgidos boatos de que o final seria diferente do original - algo pelo qual não reclamaria -, mas isso não aconteceu. Ele é um pouco mais completo do que o que temos na obra original, mas nada além disso. 

Acho que a maior diferença, ou perda, da adaptação vem da disputa psicológica que eu comentei bastante na resenha que fiz do livro no ano passado. Essa foi, para mim, uma das coisas mais sensacionais do livro, a forma como o leitor é seduzido e enganado pelos personagens principais a todo momento, a maneira como a autora consegue brincar com a mente de quem está lendo. E isso existe no filme sim, mas por não termos essa a visão interna aos personagens que só o livro proporciona, esse quesito fica um pouco mais fraco e menos marcante. Por exemplo, o Nick do filme tem ainda menos simpatia do que o Nick do livro, o que mostra tanto essa perda de não poder estar na sua mente quanto a boa representação do personagem com toda a sua aparente frieza. 

E aqui cabe falar sobre outra imensa qualidade do filme: os atores. O Ben Affleck conseguiu entender muito bem o seu personagem e representar aquele Nic que imaginamos durante a leitura. Ele conseguiu trazer toda a falta de tato comportamental, toda a sua apatia e sua aparente frieza de forma crível e natural. Já a Rosamund Pike foi brilhante em cena! A Amy é uma personagem que exige muita sutiliza, não possuindo espaço para exageros, e a atriz não poderia ter sido melhor nesse sentido. Mesmo com meus motivos para desgostar da personagem, não pude deixar de me sentir encantada pela Amy criada pela Rosamund Pike e ficar impressionada com a sua atuação. (Destaque para uma das sequências finais que é maravilhosa!)

Não é surpresa nenhuma para mim que o filme esteja sendo um sucesso gigantesco e recebendo notas altas dos mais diferentes críticos. A crítica do filme é perturbadora e muito real, seus personagens complexos e fortes e a estória extremamente sedutora. Ao se juntar tudo isso com uma ótima direção assinada por David Fincher e uma ótima produção, nós temos um filme no qual é difícil se apontar defeitos e uma adaptação brilhantemente construída. Um filme sobre pessoas comuns que se foca em mostrar a disfunção do ser humano e das relações que ele constrói. 

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