Resenha: Medo por Michael Grant

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Sinopse: Já faz mais de um ano desde que todos os adultos simplesmente desapareceram. E apesar das mentiras, da praga e da fome que assolaram as crianças de Praia Perdida, de alguma forma elas foram capazes de sobreviver. No entanto, dessa vez as ameaças são ainda mais aterrorizantes do que antes. Dentro de LGAR, a Escuridão começa a dominar, e a luz do sol fica cada vez mais escassa. No escuro, enxergar torna-se impossível, assim como plantar e colher alimentos. O pânico e a ameaça da fome levam os moradores à beira da loucura.
Título: Medo - Gone #5
Autor(a): Michael Grant
Páginas: 442
Editora: Galera
Avaliação: 5/5

Eu sei que vocês estão cansados de me ouvir sempre falando o quanto eu amo a série Gone, como o Michael Grant construiu algo super bem pensado, que ele consegue surpreender cada vez mais a cada livro e que nunca, em toda a minha vida, eu já li uma estória tão cruel, tão dura e tão difícil de dirigir. Medo é o quinto e penúltimo livro da série e trouxe tudo de bom que já conhecemos tão bem, mas se tornou ainda melhor por trazer toda a evolução de enredo que o anterior não teve. As linhas principais da grande final já foram traçadas e promete ser incrível.



Posso dizer que dessa vez eu já estava um pouco mais anestesiada do que nas quatro vezes anteriores. Como eu disse na resenha de Praga, ao meu ver é impossível que esses personagens possuam um final feliz, depois de passar por tanto horror e por ter que fazer coisas tão inimagináveis não tem como esquecer tudo isso, ou superar. Sendo assim, esse quinto livro não teve um baque emocional tão grande em mim, mas isso em momento nenhum quer dizer que eu tenha sentido todo o desespero, toda a dor e todo o medo daquelas crianças.
Medo é, acredito eu, o único livro da série que não possui passagens de esperanças, aquelas onde acreditamos por um momento que tudo pode dar certo. Aqui é desgraça atrás de desgraça, problema atrás de problema e um desaparecimento gradual de qualquer esperança que poderia existir. O Michael Grant consegue ser cruel em um nível que nunca imaginei que seria possível, ele constrói cada um das suas dezenas de personagens de maneira impecável, fazendo que cada um tenha uma personalidade própria que marcante, forte e diferente de todas as outras para, logo depois, fazer todos eles passarem pelos piores testes, pelas piores dores e pelas mais cruéis das situações.

Em Medo nós finalmente temos a visão do que está acontecendo do lado de fora do LGAR e, apesar das passagens serem poucas e eles saberem tão pouco quanto a gente, é interessante saber como tudo isso repercutiu no mundo e o que aconteceu com os poucos que conseguiram/escolheram sair.
Eu também fiquei muito, mas muito feliz que tivemos finalmente algo de verdade acontecendo com o gaiáfago. Isso era uma coisa que me incomodava desde o terceiro livro e ver isso acontecendo me deu ainda mais vontade de saber o que vem pela frente.
E eu acho importante dizer que nesse livro fica ainda mais visível como cada pequeno passo dado na estória é planejado, como cada coisa foi feita para se culminar em algo maior e mais relevante. Não tem como não amar a genialidade desse homem!

E, agora sobre os personagens, mais uma vez tivemos um enfoque mais sentimental neles. Não importa se estamos falando sobre os protagonistas, como o Sam, o Caine e a Astrid, ou os mais pequenos e novos, toda vez que algum personagem assumia a narrativa nós recebíamos, também, um vislumbre da sua estória e dos seus sentimentos. Confesso que não sou a maior fã de múltiplas narrativas, mas sou absolutamente apaixonada pela maneira como o Michael Grant põe isso em prática. É simplesmente sensacional.

Eu sei que continuo repetindo a mesma coisa de novo e de novo, mas toda vez que leio um livro dessa série eu só consigo pensar em quão única, bem escrita e incrível ela é. É realmente um pena que ela seja tão cara e tão pouco conhecida aqui no Brasil, porque, sinceramente, ela é uma das estórias mais bem escritas e impactantes que já tive a oportunidade de ler. E em Medo nós vemos essa estória crescer e evoluir de forma absurda, abrindo um terreno cheio de possibilidades para o último livro. Se fosse para apontar um defeito seria a capa, que mesmo sendo linda, é a única que não possui relação com o enredo.
Não estou pronta para dizer adeus a esse mundo e a esses personagens, eu me acostumei demais com a minha dose anual de Michael Grant. Mas, infelizmente, é assim que as coisas são. Então vou ficar aqui, me preparando emocionalmente para o choque que vai ser Light e esperando que esses personagens que já sofreram tanto tenham, no fim, um pouquinho de felicidade.
A culpa era uma coisa fascinante: parecia não enfraquecer com o tempo. No mínimo ficava mais forte à medida que as circunstâncias iam desaparecendo da memória, enquanto o medo e a necessidade se tornavam abstratos. E somente suas ações se destacavam com clareza cristalina.
O LGAR, pensou Caine, desanimado. Eu sempre soube que o LGAR culminaria na loucura ou na morte.
Eles sempre queriam saber. Porque presumiam que todo medo devia vir de alguma coisa ou algum lugar. Um acontecimento. Causa e efeito. Como se o medo fizesse parte de uma equação de álgebra. Não, não, não, não estavam entendendo o que era o medo. Porque o medo não tinha a ver com o que fazia sentido. O medo tinha a ver com possibilidades. Não com coisas que aconteciam. Coisas que poderiam.

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